quinta-feira, abril 23, 2009

62º Festival de Cannes


Criado para contornar a censura facista sobre o Festival de Veneza, o Festival de Cannes foi aos poucos roubando deste o papel de mais importante evento do cinema mundial. Realizado nas margens do litoral francês, o festival já assistiu a glória de nomes como Jacques-Yves Cousteau, Glauber Rocha, e Federico Fellini.

A programação constra com quatro grandes mostras - Filmes em Competição, Filmes Fora de Competição, Midnight Screenings, Special Screenings e Uncertain Regard - além de um filme de abertura e outro de fechamento.

Glorioso pelo seu caráter vanguardista, pela primeira vez o festival será aberto por uma animação. Up, da Pixar, conta a história de um senhor que aos 78 anos decide fazer uma viagem de balão pela América do Sul. Segundo um boato corrente na internet o argumento inspira-se no caso do padre brasileiro que se morreu em alto mar ao tentar aventura parecida.

Mas o Brasil será também lembrado pela presença do filme À Deriva de Heitor Dhalia (O Cheiro do Ralo). A nova obra de Dhalia parece ter um caráter bem diferente da anterior, sendo uma narrativa delicada sobre a passagem para a vida adulta em meio a uma crise familiar. A Romênia confirma a boa fase de sua produção cinematográfica com dois filmes nessa mostra. Outros 16 filmes completam essa sessão.

Os Special e Midnight Screenings configuram em lineups sem grandes nomes. O documentário L'épine Dans Le Coeur de Michel Gondry (Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças) se destaca entre os primeiros. Assim como o terror Drag Me to Hell do diretor Sam Raimi (O Homem-Aranha) entre os segundos.

The Imaginarium of Doctor Parnassus, último trabalho de Heath Ledger será exibido fora de competição. Junta-se a este o francês L'Armée du crime que trata sobre anti-semitismo e tortura, e o épico Agora de Alejandro Amenábar. Esse e Parnassus são filmes bastante esperados devido ao elenco estelar e o opulência dos projetos.

A mostra competitiva, por sua vez, está recheada de ex-vencedores e diretores badalados. Jane Campion retorna, 16 anos anos após O Piano, com Brigth Star. Seu novo longa retrata o romance entre o poeta John Keats e Fanny Brawne. Pedro Almodóvar também marca presença com Los Abrazos Rotos sua mais nova parceria com Penólope Cruz.

Outros destaques são Antichrist, um retrato sobre o luto parental de Lars Von Trier (Ondas do Destino); Inglorious Bastards de Quentin Tarantino; o retorno de Alain Resnais com Les Herbes Folles; Das weiße Band do controverso Michael Heneke; Bakjwi de Park Chan-wook (Oldboy); Taking Woodstock de Ang Lee; e a estréia de Isabel Coixet com Map of the Sounds of Tokyo.

Por fim, Coco Chanel & Igor Stravinsky fecha o festival. Espera-se que os releases de Cannes desse ano obtenham grande êxito artístico devido à qualidade dos filmes selecionados. Particularmente, aguardo ansioso pelos novos trabalhos de Campion, Almodóvar (ou seria o de Penélope Cruz?), Von Trier, Tarantino e Lee. Acredito também que Coixet deva se redimir depois do vergonhoso Fatal, mas acho que como os anteriores seu novo longa será apenas uma história açucarada feita com a intenção de comover.

O Festival ocorrerá entre os dias 13 e 24 de Maio.

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